quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

AS MÚSICAS CANTADAS NAS IGREJAS DE HOJE

Pr. Robson T. Fernandes
Em primeira e em última instâncias, as músicas que são cantadas na igreja devem ter conteúdo bíblico consistente, para poderem ser chamadas de "adoração" e de "louvor". Caso contrário, não passam de meras canções de emocionalizam o povo e o desvia da Verdade Bíblica.
Chorar com uma música não significa que o Espírito Santo esteja presente, porque até Roberto Carlos faz o povo chorar quando canta. A presença do Espírito Santo só será real no momento da canção se a letra desta canção for realmente bíblica, pois o Espírito Santo não compactua com o que não é bíblico.
Um dos problemas da atualidade é que ao mesmo tempo em que temos músicas emotivas e emocionalistas, também são antibíblicas. São poesias desprovidas de conteúdo bíblico fiel e que possuem muitas distorções. São músicas psicológicas e não teológicas.
Isso ocorre porque os compositores que cometem esses erros não fazem estudos bíblicos sérios e nem consistentes. Estão mais preocupados com a moda do momento, o chavão que está na boca do povo e as análises de mercado e marketing. São muito bons na técnica, mas péssimos na Teologia, quando deveriam fazer uma coisa sem omitir a outra.
É muito comércio e pouca adoração.
Vejamos um exemplo prático que ilustra o que foi dito, quando um dia desses escutava um programa de rádio, em que o locutor colocou uma música de Marcelo Nascimento (Prosperarei). A letra diz assim:

Como Abraão acreditou na promessa de Deus,
Eu vou acreditar
Como Abraão prosperou, eu vou prosperar, vou acreditar
Vou sair de onde me mandar, vou pra onde Ele quiser
Vou manifestar a minha fé
A minha casa será uma benção
O meu trabalho será uma benção
Em tudo aquilo que eu fizer prosperarei
Todos os arcos serão quebrados
E os inimigos envergonhados
Todo lugar que eu passar abençoado serei
E toda vida que eu ganhar será do Rei
Como Abraão acreditou na promessa de Deus,
Eu vou acreditar
Como Abraão prosperou, eu vou prosperar, vou acreditar
Vou sair de onde me mandar, vou pra onde Ele quiser
Vou manifestar a minha fé
A minha casa será uma benção
O meu trabalho será uma benção
Em tudo aquilo que eu fizer prosperarei
Todos os arcos serão quebrados
E os inimigos envergonhados
Todo lugar que eu passar abençoado serei
E toda vida que eu ganhar será do Rei
E toda vida que eu ganhar será do Rei.

Fiquei impressionado em ver como tem gente cantando heresia e como tem gente na igreja que gosta de ouvir essas heresias.
Vejamos por quê:

1) O cantor cita a promessa de Abraão de forma errada, se apropriando de uma promessa que não é sua; 
2) O cantor cita a promessa de Abraão em interesse próprio, para prosperar;
3) O cantor cita a si mesmo e os pronomes possessivos (eu, vou, minha, meu, me) 28 vezes;
4) Quantas vezes o cantor cita “Jesus” na música? Nenhuma vez;
5) Quantas vezes o cantor cita “Deus” na música? 7 vezes;
6) O cantor destaca seus sonhos, desejos e ansiedades apenas (minha casa, meu trabalho, minha bênção, minha fé, minha promessa...), o que demonstra não o desejo de glorificar a Deus mas apenas realizar seus desejos pessoais;
7) O cantor destaca a glória de Deus? Não!
8) O cantor destaca a mensagem bíblica? Não!
9) O cantor destaca a derrota dos inimigos e a sua vergonha;
10) Nas poucas linhas em que Deus é citado, o sujeito principal da música, “EU”, também é citado. Não existe espaço apenas para Deus nessa música;
11) O cantor diz que vai sair de seu lugar e irá para onde Deus quiser, simplesmente por interesse, porque quer prosperar. Isso não é fé, isso é avareza, ganância e interesse.
Ainda, algumas pessoas perguntam por que eu reprovo esse tipo de "ladainha" que tem sido tagarelada nas igrejas. E ainda chamam isso de "louvor", de "hino". Só se for louvor à si mesmo e hino em homenagem a si próprio. então, apenas para ser educado quero dizer que o mínimo que acho desse tipo de música é isso: RIDÍCULA!!!!!!
A solução é voltar para a Bíblia, ler a Bíblia e cantar a Bíblia. Vejamos, então, a diferença de uma música que glorifica Deus de verdade. Uma música que tem conteúdo bíblico, poesia e fidelidade, cantada por Luiz de Carvalho (Se Isto Não For Amor):

Deixou o esplendor de sua glória
Sabendo o destino aqui Estava só e ferido no Gólgota
Para dar sua vida por mim
Se isto não for amor o oceano secou
Não há estrelas no céu
As andorinhas não voam mais
Se isto não for amor o céu não é real
Tudo perde o valor se isto não for amor
Mesmo na morte lembrou-se
De um ladrão que ao seu lado estava
Com amor e ternura falou-lhe
Ao paraíso comigo irás

Que diferença daquilo que tem sido cantado ultimamente, hein? Que diferença daquelas coisas antibíblicas, ridículas e patéticas que têm sido cantadas hoje, em que se busca a realização emocional, um êxtase espiritual.
É possível fazer uma música contemporânea com conteúdo bíblico ao mesmo tempo, uma música moderna com conteúdo bíblico fiel. Mas, para isso é preciso expulsar a Teologia da Prosperidade da Igreja, bem como a Confissão Positiva e uma gama de outras distorções. Porém, existem muitos intere$$e$ por trás de tudo isso.
Essa triste realidade foi bem representada pela letra do Grupo Logos, o Evangelho:

Eu sinto verdadeiro espanto no meu coração
 Em constatar que o evangelho já mudou.
Quem ontem era servo agora acha-se Senhor
E diz a Deus como Ele tem que ser ...

Mas o verdadeiro evangelho exalta a Deus
Ele é tão claro como a água que eu bebi
E não se negocia sua essência e poder
Se camuflado a excelência perderá!

Refrão

O evangelho é que desvenda os nossos olhos
E desamarra todo nó que já se fez
Porém, ninguém será liberto, sem que clame
Arrependido aos pés de Cristo, o Rei dos reis.

O evangelho mostra o homem morto em seu pecar
Sem condições de levantar-se por si só ...
A menos que, Jesus que é justo, o arranque de onde está
E o justifique, e o apresente ao Pai.
Mostra ainda a justiça de um Deus
Que é bem maior que qualquer força ou ficção
Que não seria injusto se me deixasse perecer
Mas soberano em graça me escolheu
 É por isso que não posso me esquecer
Sendo seu servo, não Lhe digo o que fazer
Determinando ou marcando hora para acontecer
O que Sua vontade mostrará. Refrão

O evangelho é que desvenda os nossos olhos
E desamarra todo nó que já se fez
Porém, ninguém será liberto, sem que clame
Arrependido aos pés de Cristo, o Rei dos reis.
 Porém, ninguém será liberto, sem que clame
Arrependido aos pés de Cristo, o Rei dos reis.



Que o Senhor nos ajude!

***
Pr. Robson T. Fernandes é pastor da Igreja Cristã Nova Vida, escritor e conferencista. Fonte: Blog Calebe. Robson
fonte: www.pulpitocristao.com

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

pro1Se o Diabo tivesse um livro sagrado, acredito que nele haveria um versículo que diria: “Não deixe para amanhã o que você pode fazer… depois de amanhã”. Digo isso porque o ser humano tem uma forte tendência a empurrar com a barriga decisões importantes que precisa tomar – o que, em se tratando de vida espiritual, é muito prejudicial. Por isso, devemos refletir e nos disciplinar para mudar essa estranha atração que temos pelo “deixar para depois”. A procrastinação (o ato de adiar ações ou decisões) torna-se, assim, um mal a ser combatido. Se você percebe que, na lista da sua vida, há mais itens na coluna das “coisas a fazer” do que na de “dever cumprido” é hora de acender a luz vermelha e tomar alguma atitude para reverter essa situação.
Claro que cada pessoa sabe em que precisa melhorar. Mas existem áreas de nossa vida em que o problema é mais comum e, por isso, merecem mais atenção.
pro2O grande mal de nossa época é a falta de amor ao próximo. Não é por acaso que o primeiro campo em que estamos sempre procrastinando é no exercício do amor – nas suas mais variadas formas. Existem multidões de pessoas ao nosso redor, na igreja e fora dela, que estão solitárias, carentes, tristes, deprimidas, infelizes, à espera de alguém que se aproxime com uma palavra amiga, um ombro acolhedor ou, simplesmente, com presença e calor humano. Nós, filhos de uma era em que só cuidamos de nós mesmos e, no máximo, de nossa família, fechamos os olhos a elas. Sabemos que existem, vemos seu semblante abatido, mas… o que fazemos por essas tristes almas? Ou delegamos a outras pessoas a tarefa de amá-las ou deixamos para depois tudo aquilo que poderíamos fazer por elas mas não fazemos. “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Mc 12.30-31). Temos cumprido esse mandamento? Se você estivesse mal, precisando de amor, gostaria que o próximo ficasse adiando o momento de vir até você para abraçá-lo e perguntar: “Onde dói a tua dor?”. Então o que você está esperando para começar a amar o próximo de fato e não só de boca?
pro3Outra área em que falhamos de forma atroz é no compartilhar o amor de Deus. Estou falando de evangelismo. E esqueça aquele imagem de pessoas nas ruas abordando outras com folhetos nas mãos, essa é apenas uma das formas de evangelizar e nem de longe é a mais eficiente. Não existe nenhuma outra maneira mais eficaz de pregar o evangelho do que a proclamação do amor de Cristo junto àqueles que convivem conosco, no dia a dia, na convivência pessoal. Mas, seja por vergonha, seja por crer que há ainda tempo de sobra, seja por que razões for, aqueles que receberam a ordem de ir, fazer discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que Jesus nos ordenou (Mt 18.19-20)… simplesmente a ignoram. E, assim, por culpa de nosso espírito procrastinador, deixamos de cumprir a grande comissão. O problema é que, se não pregarmos, meu irmão, minha irmã, muitos irão para o inferno.
pro4Procrastinamos não só ações de evangelismo, mas também projetos de edificação no nosso próximo. De que forma você gostaria de contribuir para abençoar o Corpo de Cristo e os não cristãos? Visitando orfanatos? Indo a casas de repouso? Criando um blog na internet? Escrevendo um livro? Ensinando? Intercedendo? Voluntariado-se em alguma instituição filantrópica? Alimentando quem tem fome e saciando quem tem sede? Apadrinhando uma criança pela Visão Mundial? Construindo casas para os desabrigados? Como, afinal? Se você tem planos, sonhos ou vontades nessa área… o que está esperando? O próximo precisa de você hoje, não depois de amanhã. “Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me” (Mt 25.34-36).
pro5Procrastinamos, ainda, o abandono dos pecados. Sabemos que estamos errados, o Espírito Santo nos incomoda diariamente, mas agimos como se disséssemos a Deus: “Senhor, me deixa pecar só mais um pouquinho, vai. Tá tão bom, amanhã eu me arrependo, peço perdão e deixo, tem tempo…”. O pecado é como um leão que devora a nossa alma constantemente, um pedaço por vez. Imagine a dor e o dano que provoca uma fera arrancando pedaços de você a cada dia. Mas procrastinar o abandono do pecado é como se pensássemos “Deixa esse leão comer mais um pouquinho do meu fígado, amanhã eu tento afastá-lo”. Chega a ser surreal cogitar isso. Mas é exatamente o que fazemos quanto ao pecado. O perigo é adiarmos tanto a expulsão dessa besta que, daqui a pouco, não sobrará nada da nossa carne – e sabe o que é um ser humano sem carne? Um cadáver. Jesus disse: “Se eu não viera, nem lhes houvera falado, pecado não teriam; mas, agora, não têm desculpa do seu pecado” (Jo 15.22). Até quando você vai continuar escravizado por pecados recorrentes e adiar o abandono das suas transgressões?
pro6Também procrastinamos o estudo das coisas de Deus. Queremos servir Jesus, amamos o Senhor, mas deixamos sempre para algum dia o aprofundamento na compreensão acerca de quem ele é, de qual é a sua ética e montes de informações que nos fariam cristãos mais maduros e íntimos de Cristo. Mas procrastinamos nossa entrada no seminário; deixamos sempre para o ano seguinte o plano de ler a Bíblia inteira; acumulamos pilhas de livros cristãos em cima do móvel. na expectativa de começar a ler no dia seguinte… estamos sempre priorizando outras atividades e deixamos o estudo das coisas concernentes a Deus para um futuro que nunca chega.
Uma das atitudes mais destrutivas espiritualmente é a hostilidade entre irmãos. A gravidade desse mal não está somente em seu poder destruidor, mas em sua frequência entre nós. pro8Irmãos em Cristo se ofendem, se agridem, se prejudicam, fazem o mal uns aos outros e fica tudo por isso mesmo. Seja por orgulho, seja por um entendimento errado acerca do perdão, seja por que razão for, muitos de nós criam barreiras entre si e vivem deixando para depois o ato de pedir perdão a quem ofendeu ou de perdoar quem o ofendeu. “Se você estiver apresentando sua oferta diante do altar e ali se lembrar de que seu irmão tem algo contra você, deixe sua oferta ali, diante do altar, e vá primeiro reconciliar-se com seu irmão; depois volte e apresente sua oferta” (Mt 5.23-24). Honestamente: qual de nós verdadeiramente faz isso de imediato? Adiar a reconciliação pode ter efeitos drásticos: “Se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará. Mas se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes perdoará as ofensas” (Mt 6.14-15).
pro7Mais uma área em que a procrastinação ocorre de forma espiritualmente prejudicial é na vida daqueles que foram chamados pela voz da graça, viveram em comunhão com o Senhor e, por alguma razão, se afastaram. Imersos nos prazeres deste mundo, nunca deixaram de saber a verdade, de ouvir a voz do Espírito Santo e de ter – lá no fundo – a convicção de que um dia retornariam ao aprisco do Bom Pastor. Mas ficam adiando, adiando, adiando e, nessa procrastinação, seguem distantes de Jesus. A quem procede assim, “Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lc 12.20). Jesus, aliás, foi bem enfático ao tratar deste ponto. Quando um jovem o abordou com a proposta de procrastinar sua adesão à causa de Cristo, veja o que ocorreu: “Outro discípulo lhe disse: ‘Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai’. Mas Jesus lhe disse: ‘Siga-me, e deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos’.” (Mt 8.21-22).

Esses são apenas alguns exemplos de áreas comuns em que os cristãos têm o hábito de procrastinar. Há muitas outras e convido você a refletir sobre isto: o que você tem adiado em sua vida e que tem prejudicado sua caminhada com Cristo? Seja o que for, procrastinar é uma atitude que pode destruir almas, afastar pessoas de Jesus, nos manter na ignorância sobre as coisas de Deus, deixar vidas em ruínas e… e tudo mais que há de pior na vida espiritual de uma pessoa. É uma atitude humana, mas que age com o poder destruidor de um demônio furioso. Reflita que benefícios e que malefícios esses constantes adiamentos têm provocado.
“A esperança que se adia faz adoecer o coração, mas o desejo cumprido é árvore de vida” (Pv 13.12). O desejo de Deus é que você não adie aquilo que é importante para ele. Será que você cumprirá o desejo do seu Senhor?

fonte: http://apenas1.wordpress.com/

Por Scotty Smith 

 “Fizeste-nos para ti, Senhor, e o nosso coração permanece inquieto enquanto não encontra repouso em ti” (Agostinho, Confissões).
“Há um vazio no coração do homem do tamanho de Deus que não pode ser preenchido por qualquer coisa criada, mas somente por Deus, o Criador, conhecido através de Jesus” (Blaise Pascal, Pensées).
Então, vieram ter comigo alguns dos anciãos de Israel e se assentaram diante de mim. Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Filho do homem, estes homens levantaram os seus ídolos dentro do seu coração, tropeço para a iniquidade que sempre têm eles diante de si; acaso, permitirei que eles me interroguem? Portanto, fala com eles e dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus: Qualquer homem da casa de Israel que levantar os seus ídolos dentro do seu coração, e tem tal tropeço para a sua iniquidade, e vier ao profeta, eu, o SENHOR, vindo ele, lhe responderei segundo a multidão dos seus ídolos; para que eu possa apanhar a casa de Israel no seu próprio coração, porquanto todos se apartaram de mim para seguirem os seus ídolos (Ezequiel 14:1–5).
O coração novo que temos em Cristo está ainda em processo de aperfeiçoamento, e quando Deus, de forma funcional, “não é suficiente”, nossas ansiedades e medos tomam conta, e então, saímos em busca de deuses projetados e pseudosalvadores. O que isso significa?
No início de Ezequiel 14, podemos escutar a conversa fascinante que ocorreu entre o profeta e Deus. Eis o contexto: Ao invés de apresentar e contar a história de redenção de Deus às nações, Israel havia sido gradualmente atraída para a adoração dos deuses das nações vizinhas.
O impulso de Israel à idolatria não aconteceu porque o povo ficou entediado com a liturgia de seu templo, encantado com a música das bandas de adoração nos templos pagãos, ou impressionado com a oratória do novo profeta cananeu que tinha acabado de se mudar para o bairro. Ninguém em Israel saiu em busca de um novo culto de adoração, mas de novos deuses que os servissem. O centro de sua adoração mudou de Deus para si mesmos. Eles começaram a adorar a adoração mais do que adoravam a Deus—isto é, o seu relacionamento com Deus se tornou utilitário ao invés de doxológico.
Quando a glória do único Deus vivo deixa de ser a nossa principal paixão na vida, a adoração se torna um veículo pragmático para realização de duas missões na vida: provisão e proteção. Ao invés de viver para a glória de Deus e buscá-lo para suprir nossas necessidades, passamos a existir para a nossa glória e a buscar deuses que satisfarão nossas exigências.
E como Deus reage a isso? Três fases se destacam para mim nessa passagem crucial—cada uma delas enfatiza o quão obstinadamente Deus nos ama em Cristo e quão incansavelmente ele busca o afeto de nossos corações.
O lamento de Deus: “Estes homens levantaram os seus ídolos dentro do seu coração”. Nós somos bem capazes de levantar ídolos físicos em qualquer lugar. Mas quer seja um bezerro de ouro no pátio ou um carro novo na garagem, a principal habitação da idolatria é o coração do homem. As obras de nossas mãos ou as palavras de nossas bocas fluem simplesmente do que está acontecendo nos santuários de nossos corações. O clamor de Deus, e mandamento, para nós é sempre “Dá-me, filho meu, o teu coração” (Provérbios 23:26). Ele terá os nossos corações, porque somente Deus é merecedor disso.
A promessa de Deus: “eu, o SENHOR, vindo ele, lhe responderei segundo a multidão dos seus ídolos”. Apesar de sua paciência ilimitada, o amor de Deus por seu povo o impele a agir com poder e, se necessário, de forma dolorosa. Como Deus nos responde segundo a nossa idolatria? Deus permite que nós experimentemos as consequências sempre destrutivas resultantes da confiança nos ídolos. Somente quando os nossos ídolos falham conosco, é que nós começamos a entender a futilidade e a insanidade da idolatria (Isaías 44). A idolatria carrega um poder de cegar e escravizar. Apenas um poder tão grande quanto a graça de Deus pode acabar com os enganos e destruir as armadilhas da idolatria.
A esperança de Deus: “Para que eu possa apanhar a casa de Israel no seu próprio coração, porquanto todos se apartaram de mim para seguirem os seus ídolos”. Conforme eu tenho sido guiado, e às vezes arrastado, no processo de transformação realizado pelo evangelho, poucas palavras de esperança têm tido tanto significado para mim quanto essas. Por que, às vezes, Deus torna a vida dolorosa para nós? Por que Deus escreve histórias que nós nunca escreveríamos; segue uma linha do tempo que nós nunca escolheríamos; e responde as nossas orações de tal maneira que nós pensamos que ele está nos rejeitando? Ele nos dá a resposta: “Para que eu possa apanhar a casa de Israel no seu próprio coração, porquanto todos se apartaram de mim para seguirem os seus ídolos”. Ninguém nos ama como Deus em Jesus—mesmo que seja necessário nos levar ao cativeiro da Babilônia para nos convencer disso. O ciúme de Deus por nosso amor é o maior elogio que ele poderia nos fazer, e também o presente mais caro que ele poderia nos dar. Custou caro para Deus porque exigiu a vida e a morte do seu filho; custa caro para nós também porque significa que o amor de Deus nunca nos abandonará. Isso pode se tornar bem perturbador e confuso. Às vezes nós proclamamos: “Nada vai me separar do amor de Deus”, sem perceber tudo o que está implícito em tal declaração. O Deus de amor não tolerará o nosso amor pelos ídolos. Aleluia, e prepare-se.
***
Rev. Scotty Smith é o pastor fundador da Christ Community Church em Franklin, Tennessee, e é autor de Everyday Prayers: 365 Days to a Gospel-Centered Faith. Fonte: Ministério Fiel, via Voltemos ao Evangelho.
Fonte: http://www.pulpitocristao.com/2014/02/quando-deus-nao-e-suficiente.html#.UwNK7GcY5dg

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A empresa não é sua família

Se você é daqueles que acham que o seu trabalho é substituto para a sua família, é melhor ler o artigo abaixo, de Lucy Kellaway para o Financial Times, traduzido e publicado no jornal Valor Econômico de 10/02/14:

Colegas de trabalho e chefes não fazem parte da sua família

No mês passado, quando o Google gastou US$ 3,2 bilhões em uma empresa de alarmes que detectam fumaça, Larry Page declarou que a equipe da Nest era formada por ótimos sujeitos e que ele estava "entusiasmado em dar-lhes as boas-vindas à família Google".

A conversa mole soou estranhamente familiar. Há pouco mais de dois anos, quando o Google acertou a compra da Motorola Mobility por US$ 12,5 bilhões, ele alardeou o mesmo tipo de boas-vindas aos cerca de 20 mil funcionários da empresa adquirida. "Estou ansioso para dar as boas-vindas aos 'Motorolans' a nossa família de 'Googlers'", disse na ocasião.

Na semana passada, a empresa provou como cuida bem de suas crianças recém-chegadas. Sem cerimônia, vendeu a empresa de telefones celulares para a Lenovo, empurrando os desprezados Motorolans para outra família adotiva (embora mantendo as valiosas patentes da Motorola). A ideia, tão querida por Page e pela metade mais melosa do mundo empresarial dos Estados Unidos, de que os funcionários são de alguma forma parte da família é uma das metáforas mais ilusórias da vida profissional moderna.

É verdade que há certas similaridades entre uma família real e a "família" do trabalho. Os membros das duas passam muito tempo juntos. Em ambas, provavelmente há alguns valores compartilhados e certas aversões comuns. Pode até haver semelhanças físicas. Os membros de uma família real podem, hereditariamente, ter queixo para dentro, enquanto em uma família postiça, os funcionários podem submissamente usar blusas com capuz apenas porque o chefe também o faz.

Em outros aspectos, a metáfora é enjoativa, pouco sincera e totalmente falsa. Para começar, é errada em termos de tamanho. Posso dizer que entendo algo de famílias grandes. Meu marido tem seis irmãos. O Google, contudo, tem 46 mil funcionários. Ninguém pode ter tantos irmãos, ou mesmo, primos em terceiro grau.

Também é errada em termos de emoção. A família é o melhor tubo de ensaio já visto para cultivar o amor e o ódio. Os locais de trabalho funcionam com muito mais tranquilidade sem nenhum dos dois. E uma diferença ainda mais crucial é que não se escolhe a família - você está preso a ela e não pode demitir seus integrantes se eles estiverem fazendo um mau trabalho. Você pode ter uma discussão descontrolada e dizer-lhes para nunca mais pisarem em sua casa, mas eles ainda vão ser sua família.

Por outro lado, quando alguém sai de uma empresa, automaticamente deixa de existir para eles. Todos escrevem nas mensagens de despedida: "este lugar não vai ser o mesmo sem você". No entanto, após um período indecentemente curto, volta a ser exatamente o mesmo. Não há nada de errado nisso, e a situação flui melhor assim.

Os fluxos financeiros nos dois grupos também são diferentes. Na família real, geralmente, não se paga para as pessoas fazerem tarefas por você (pagar uma criança para lavar o carro é um mau negócio em comparação a levá-la, só com o olhar, a fazê-lo em troca de nada). Quando o dinheiro troca de mãos dentro das famílias, isso não tem relação com o desempenho.

Se as famílias postiças ficassem mais parecidas com as reais, isso não seria uma mudança para melhor. Tradicionalmente, a casa é onde os filhos são criados, as consultas ao dentista são marcadas, as refeições são preparadas e as roupas são lavadas. Cada vez mais, contudo, essas tarefas vêm sendo feitas no trabalho.

Algumas empresas, como o Google, podem te preparar a comida, cuidar de seus filhos, seus dentes e lavar sua roupa, proporcionando benefícios superficialmente atraentes, mas que, lá no fundo, são sinistros. Primeiro, eles tornam o empregador uma figura central demais na vida dos trabalhadores, oferecendo não apenas um meio de vida, mas uma "solução de vida total". Segundo, esses benefícios infantilizam. Fazer nossas tarefas e cuidar de nossas famílias é o que nos torna adultos. O pior é que, livres das responsabilidades domésticas, podemos trabalhar ainda mais. Investir menos em nossas famílias reais e mais em nossas postiças não é uma jogada sensata.

Essa confusão entre trabalho e família me deixa ansiosa, mas não chega a ser tão ruim quanto o que acontece na PepsiCo. Não satisfeita em tornar os funcionários parte de sua família postiça, a CEO Indra Nooyi também envolve as famílias reais. No mês passado, ela disse a uma plateia em Davos que escreve cartas pessoais aos pais de seus subordinados diretos, agradecendo-lhes pelos talentos de seus filhos.

Ainda mais assustador, ela ligou para a mãe de um potencial contratado pedindo a ajuda dela para persuadir o filho a escolher o emprego na PepsiCo. Isso me dá calafrios. Quem tem idade suficiente para trabalhar na PepsiCo é capaz de tomar suas próprias decisões. E, de qualquer forma, esse tipo de abordagem pode sair pela culatra. Lembro-me quando ainda no início da idade adulta rompi com um namorado, que, então, decidiu visitar meus pais, para ver se eles podiam intervir em sua defesa. Não há espaço para dizer o que aconteceu a seguir. Mas a PepsiCo deveria tomar nota: não acabou nada bem.
 
Fonte: http://ocontornodasombra.blogspot.com.br/